terça-feira, 21 de outubro de 2008

Resenha + fotos do Zona Punk

Festival Mundo
17/10/2008 - Galpão 14 - João Pessoa/PB
Vou começar falando que foi uma grande responsabilidade cobrir o Festival Mundo. Logo de inicio fiquei 'de bobeira' com a grande organização do evento, não que os envolvidos não fossem capazes. Vamos ao festival em si.

O Festival Mundo não é apenas um festival com proposta musical. Os organizadores (Rayan Lins e Carolina Morena) têm como proposta a interação dos artistas com vários seguimentos de arte. Este ano a programação foi bem recheada. Rolaram oficinas como as de: HOME STUDIO – com os integrantes da Banda Burro morto-PB, VIDEOCLIPE com - Carlos Dowling - Cineasta e Presidente da ABD (Associação Brasileira de Documentaristas). Debates com os temas - PROFISSIONALIZAÇÃO DE BANDAS NO MERCADO INDEPENDENTE – Convidados - Bruno Kayapy, Ynaiã Benthroldo e Ney Hugo - Integrantes da banda Macaco Bong (MT) e ROCK: CONTRACULTURA E PRODUTO DE MERCADO – Convidados Bruno Nogueira (PE) – Jornalista especializado em crítica cultural e Marcus Alves (PB) – Jornalista, Mestre em Comunicação Social e Doutor em Sociologia. Ainda rolou exposição de artes. Foi uma semana toda respirando cultura. Mas para muitos o grande momento do festival viria com a chegada do final de semana, onde poderiam prestigiar as atrações musicais.


Este ano o Mundo contou com 13 bandas. Teve pra todo gosto, skate rock, instrumental, rock'n'roll, pop rock, etc. A abertura ficou por conta da banda paraibana Outona formada em Junho de 2008, fez um som que mistura energia, melodia e um pouco de agressividade. Em seguida teve a apresentação das bandas potiguares Camarones Orquestra Guitarrística e Calistoga. A primeira com um instrumental contando com 3 guitarras. Depois dos Potiguares veio a Star 61, banda paraibana que conta com o performático Flaviano nos vocais. O cara deu um show a parte, contou até com a participação do Marvel vocalista da bandaCabaret que teve sua apresentação logo após o star 61. O Cabaret banda do estado do Rio de Janeiro, não deixou por menos e mandou ver na instigação e na interação com o público. O Marvel dançou, cantou e cativou o público. Quem não conhecia a banda, ficou para ver a performance do cara. E pra encerrar o primeiro dia os caras do Macaco Bong, com um instrumental erótico (denominados por eles mesmos) som da mais alta qualidade. Quem tiver a chance de ver o show dos caras não vai se arrepender. Sim, entre cada banda rolava uma Mostra Audiovisual. O público era bombardeado de informação a todo instante. E vamos para o segundo dia.


Começando com a Banda Cerva Grátis (bem sugestivo), infelizmente não deu para chegar a tempo de ver a apresentação dos caras. Em seguida veio a banda Elmo, banda local que faz um skate rock de boa qualidade, com bastante energia e uma boa apresentação, que botaram boa parte do público para dentro da casa (galpão 14). A banda Nubladofez uma boa apresentação, mostrou seu indie rock com uma pitada de pop rock. Na sequência veio o Garfo, banda Cearense que faz um som bem diferenciado, um electro rock som de boa qualidade. O Sweet Fanny Adams veio logo após e fez um rock sem frescura direto e reto. Vindos do estado do Pernambuco mandaram bem nas terras paraibanas. Neste momento a casa já estava cheia. Muitos dos presentes estavam esperando os shows do Burro Morto e Cabruêra. O Burro Morto que vem sendo grande destaque no estado e mais ainda fora. Um som psicodélico (escutem e definam). Tocando recentemente no festival No Ar: Coquetel Molotov realizado em Recife. A apresentação deles no Festival Mundo foi muito boa, tocando músicas quase sem intervalos. Mas para encerrar esse grande festival não em tamanho, por que ainda é seu 4º ano, mas sim em qualidade, que não fica atrás de nenhum festival do Brasil. O encerramento ficou a cargo do Cabruêra banda paraibana com destaque nacional e internacional. Com várias turnês na bagagem, os caras detonaram. Umas das melhores apresentações do festival. Botaram todos pra dançar, pular, cantar. Teve participação especial, de amigos da banda, uns italianos que estavam fazendo um intercambio cultural.

Foi isso aí, quem pode participar desse grande evento cultural, saiu de lá com uma overdose de informações, e que venha o próximo Festival Mundo, que tem tudo para entrar na lista dos grandes festivais do Brasil.


Texto e Fotos: Rafael Passos


Imagens deste show:

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Resenhas do Recife Rock

http://www.reciferock.com.br/


Cobertura: Festival Mundo - primeiro dia

Chegou até a dar uma certa “inveja”. Um pessoal novo – muito novo – produzindo um festival tão bacana quanto o Mundo, em João Pessoa. E o evento já está em sua quarta edição, o que significa que eles começaram a fazer o festival quando tinham entre 16 e 17 anos! Entediados com o cenário (ou falta de) local, arregaçaram as mangas e trataram de trazer bandas de fora para tocar em João Pessoa. E a estimular as da casa a se movimentarem também. Um pouco do resultado deste trabalho pôde ser conferido nos dias 17 e 18 de outubro no Galpão 14, no centro histórico da capital paraibana.

Se o primeiro dia contou com um público ainda tímido, por volta das 300 pessoas, o segundo lotou. E bons shows ficaram na memória nesta quarta edição do Mundo:Star 61CabaretMacaco BongGarfoSweet Fanny Adams (protagonista do incidente que roubou a cena de todo o festival) e Burro Morto. Entre os shows, acontecia uma mostra de documentários, alguns deles registrando a cena paraibana desde o final dos anos 80, com imagens de um Rodolfo ainda desbocado em época de Raimundos. Tudo bem organizado e simples. Apenas o som, na primeira noite, comprometeu um pouco a performance de algumas bandas. Coisa de festival mesmo.

Apesar do público bem enxuto que compareceu ao primeiro dia no Galpão 14, não faltou diversão durante a noite. Ao contrário, até sobrou. O competente e divertidoCamarones Orquestra Guitarrística, de Natal, colocou boa parte das pessoas para dançar ao som de suas três guitarras que brincam de transformar Bob Marley em metal e de pegar emprestadas bases de surf-music para tocar temas de desenho animado.

O som acabou comprometendo bastante a apresetação do também potiguarCalistoga, que conta com o mesmo núcleo de formação do Camarones e do The Sinks. Eles apostam em um rock garageiro, com vocais gritados, sem medo de dosar com uma certa histeria algumas canções dos Beatles, e em caprichar na sujeira em músicas de próprio punho. Mas o som acabou dificultando uma avaliação mais precisa.

O vocalista Flaviano, do Star 61, nunca escondeu de ninguém que resolveu montar a banda depois de ver o filme Hedwig, de John Cameron Mitchell. O resultado é uma afetação bacana de ver, ousadia, cara-de-pau, irreverência – nas letras e nos gestos -, adjetivos que combinam tão bem como o rock n’ roll. Flaviano é um verdadeiro showman. Andrógino, suas frases são um espetáculo a parte. Algumas delas: “estamos fazendo arte, e arte não tem sexo”. “Eu não tenho roadie. Nem namorado. Me ajudem, por favor!”. O ponto alto foi quando tocaram “Polegada Irada” (em português mesmo), de Hedwig, que contou com participação especial do vocalista Marvel, do Cabaret, que abraçou, beijou, sacudiu e fez poses com Flaviano. Mais bacana de tudo: o público da noite era do Star 61, a banda local. O mesmo aconteceu no dia seguinte, com o Cabruêra.

O Cabaret seguiu na mesma linha do Star 61, e a aposta de colocar os dois shows colados funcionou perfeitamente. A banda adiciona peso ao glitter e ao glam, e conta com o ótimo e performático vocalista Marvel. Além de ser um cantor incrível, Marvel é descaradamente influenciado por Ney Matogrsosso. Só que ele castiga ainda mais na ousadia. Desce do palco e passeia pelo público. Cola em uma menina, dança com ela e tasca um beijão de língua na garota. Descobrimos mais tarde que a senhorita beijada é noiva…Amparado por uma banda de pegada visceral, o vocalista acerta o tom em “Copacabana”, “Dentro de Você” (com participação especial deCarol Morena, da local Madalena Moog) e “Um dia no Paraíso”. Chama ao palco Flaviano, e juntos reverenciam o “rei” em “O Vira”, clássico absoluto dos Secos & Molhados. Showzaço.

De proposta diferenciada em comparação às bandas anteriores, o Macaco Bong foi tecnicamente perfeito. O trio é hoje dono de um dos shows mais interessantes do País. Ainda que optem por um gênero “difícil” como o da música instrumental, conseguem aliar virtuosismo com entretenimento, sem soar hermético demais por um lado, tampouco “fácil” demais por outro. Seu show acabou dividindo o público: metade colou no palco para conferir a apresentação do trio. A outra optou por dar uma volta pelo centro histórico. E ambos se deram bem…


Cobertura: Festival Mundo - segundo dia

Impressionante o apelo que o Cabruêra tem em sua terra natal. A aposta da produção do Festival Mundo em colocá-los como headlinners acertou em cheio o alvo. O público era todo deles. O Galpão 14 ficou lotado, assim como o Centro Histórico de João Pessoa. Em uma praça bem perto do local onde acontecia o festival, um show de pagode animava uma multidão. E, para provar o ecletismo da noite paraibana, no mesmo hotel em que ficamos hospedados estavam a produção e toda a equipe de uma tal Garota Safada, banda de Recife cujo enorme ônibus com a logo do grupo chamava a atenção de qualquer mortal. Este evento, infelizmente, acabei perdendo…

As bandas de abertura acabaram sendo prestigiadas por parcela do público do Cabruêra. As locais Cerva GrátisElmo e Nublado fizeram boas apresentações, com destaque para a última. O cearense Garfo mostrou uma sonoridade bastante peculiar, um bêbado roubou a cena do ótimo show do Sweet Fanny Adams, todo mundo se espremeu para conferir o Burro Morto e o dono da noite foi mesmo o Cabruêra. Por partes…

Conheço duas alemãs que estão fazendo intercâmbio em João Pessoa. Dizem que viram o Cabruêra no ano passado na Alemanha e que viraram fã do grupo. Perguntam se eles fazem sucesso aqui no Brasil. Tento responder que “sucesso” é um termo complicado aqui no Brasil. Para não passar a noite inteira filosofando sobre o mercado independente brasileiro, limito-me a dizer que eles são provavelmente mais conhecidos na Europa do que no Brasil, e que seu público maior deve se concentrar em João Pessoa mesmo. Elas acompanham todos os shows com nítido interesse, embora pareçam não entender o porquê de tantas bandas com propostas tão distintas do Cabruêra estarem na programação. E no final ficou fácil descobrir como elas viraram fãs do grupo…

Coube a nova Cerva Grátis abrir os trabalhos da noite. Com uma caixa de isopor escrita “cerva grátis” na frente do palco, o grupo apresentou um rock sem frescuras, nu e cru, ainda um pouco verde, mas que com certeza deve melhorar se lapidado. O destaque acabou sendo o cover de “Bom é Quando faz Mal”, do Matanza.

Já o Elmo, outro bom grupo local, apresentou um hardcore que ganha seus momentos de ápice quando capricha na sujeira e no vocal gutural. Por vezes tentam soar mais pop, e a coisa desanda um pouco. Mas mostram maturidade quando resolvem investir no peso. Seu show teve uma dupla concorrência cruel: o da chuva, que caiu bem no meio da apresentação deles; e de vídeos de sexo explícito que divertiam os que preferiram ficar perto do bar. Sacanagem com os caras. Literalmente…

Nublado pareceu, entre os novatos, o nome mais promissor da noite. Seu pecado maior: quase que a metade do show foi dedicada aos covers, seja de Radiohead,Franz Ferdinand e até uma excelente versão para “Malevolosidade”, do Superguidis, que acabou por demonstrar que, entre os vocalistas da banda, o baterista é de longe o melhor deles. No mais, o Nublado com certeza é uma banda que renderá bons frutos se for bem trabalhada.

O trio ceranse Garfo tem um leque de sonoridades extremamente volátil, embora siga a cartilha da música instrumental. Denso e ao mesmo pop, o som do grupo passeia com desenvoltura na dicotomia entre a brutalidade do peso e um certo jogo de cintura pop, oriundo do bom casamento entre guitarra um pouco mais suingada com baixo nervoso. Entre boas composições, como a nova “Al Pacino”, “Gim” e “Frank Eisntein“, o destque ficou para a excepcional “Médium”, que começa sossegada e explode aos poucos em esquizofrenia em forma de música. Ótima banda que tem tudo para trilhar um belo caminho no universo independente a até mesmo fora dele…

É chato dizer isso vindo de alguém do Recife, mas a verdade é que o nível subiu bastante com a apresentação do Sweet Fanny Adams. Há pouco mais de um ano escrevi que o grupo estava bem aquém de suas principais referências. Hoje a história mudou bastante. Maduros com a quantidade de shows que vêm fazendoNordeste afora, o Sweet Fanny Adams passa um vigor e segurança dignos de bandas veteranas. Profissionalismo que se preocupa com os detalhes, como no enorme pano de fundo com o logo da banda estendido atrás do palco. Tocaram, uma a uma (e  cada uma melhor do que a outra), as quatro músicas do EP “Fanny, You’re No Fun”. Fizeram cover do Tv on The Radio, mencionado pelo baixista e vocalistaDiego Araújo como melhor banda dos anos 00. E pareceu, de fato, a coisa mais natural do mundo. Ou seja, o que antes me parecia forçado (e não era) mostrou-se completamente autêntico. Autenticidade que só foi superada ao anunciarem a última música. Assim que o baterista Rafael Borges termina a contagem para começar a música, a banda pára. Ninguém no público entende direito. Diego diz que um bêbado atrás do palco atrapalhou o baterista. Pede palmas para o bebum. Ninguém entende bulhufas, e fica no ar a sensação de ser uma piada interna. Nova contagem de Rafael, e no momento em que a banda ensaiava começar “C’mon Gilr”, surge detrás do pano de fundo um cara que atropela baterista, parte da bateria e quase acerta a fotógrafa do grupo e um dos guitarristas, que até pensou em revidar, mas mudou de idéia após se dar conta do tamanho do sujeito. A façanha não foi das menores, uma vez que o pano de fundo é dos mais grossos, Rafael não é dos mais leves e a bateria idem…E o cara voou como uma bala. A polícia interveio, expulsou a figura do palco e a banda enfim pôde tocar a música sem mais atropelos. O porquê da invasão? Nem o invasor sabe…

Burro Morto tem os dois pés cravados na pscicodelia. Fazem uma espécie de jazz riponga, com alguns elementos da primeira fase do Pink Floyd. É cabeçóide, porém acessível. Tanto que foi grande o número de pessoas que não desgrudou os olhos do palco. Tudo bem que havia uma espécie de orgulho paraibano diante de uma banda da casa, mas era completamente justificável, pois trata-se de um grupo original e talentoso que não brota da terra todo dia.

Havia visto dois shows do Cabruêra na vida. Ambos em edições passadas do Abril pro Rock. E os tinha em alta conta na memória. Mas no Mundo a coisa foi diferente. Tudo o que o Cabruêra apresentou parecia mangue recauchutado, plastificado, artificial e malfeito. Mas caiu nas graças do público. E das duas alemãs, óbvio. E ficou fácil saber o motivo: é música para inglês ver, no pior sentido da expressão. A memória, por vezes, é um bicho rancoroso e traiçoeiro. Que o diga a minha…

Saldo final: um festival novo feito por gente ainda mais nova disposta a cavar o que há de novo na cena local e nacional. Voltarei, De novo…

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Portal DoSol

out20

Por Foca, João Pessoa/PB

A expectativa de público para o segundo dia de shows do Festival Mundo acabou se concretizando e cerca de 600 pessoas apareceram para conferir a programação. Não consegui ver nem o Cerva Grátis que abriu os trabalhos e nem a Cabruêraque encerrou o festival, dois grupos paraibanos. A sonorização do espaço, problema detectado na noite anterior, melhorou bastante no segundo dia e todos os grupos tiveram condições de mostrar o seu melhor.

Elmo (PB) é uma banda que faz um hardcore melódico mais roqueiro e que sai na frente de muitas bandas do estilo por ter um vocalista afinado (calo de 90% das bandas desse estilo musical). Para quem gosta de Dead Fish pode ir fundo no som do grupo que vai gostar. A semelhança com a banda capixaba é tão grande que chega a incomodar. Pro Elmo dar um passo a frente seria bom ter a banda como influência mas tentando sempre achar um caminho mais próprio. Fica o toque.

Nublado (PB) entrou no palco propondo melodias, guitarrinhas espertas e letras bem sacadas no seu som. Até certo ponto conseguiu dar bem o seu recado mas ficou faltando maior segurança do vocalista do grupo que parecia estar incomodado com sua própria voz (inseguro). Além das músicas próprias ainda mandaram uma do Artic Monkeys e do Superguidis no final, a primeira cantada pelo baixista e a segunda pelo baterista Rayan (um dos organizadores do festival). Acho que seria um bom caminho se o baixista assumisse os vocais de vez proNublado ser um grupo ainda melhor e mais coeso.

Garfo (CE) foi mais um grupo a subir defendendo as cores do “Clube Das Boas Bandas Instrumentais Sem Chatice”. O trio cearense faz um espécie de loop dançante tocado ao vivo com os temas bem repetitivos e se completando entre si. No show do Festival Mundo o guitarristica Vitor não estava num dos seus melhores dias (devia ser a garrafa de vodka que estava em cima do palco) mas mesmo assim foi bem divertido. Uma dica para qualquer banda de rock instrumental é a seguinte: falar pouco com a platéia. Rola uma conexão e uma vibração entre o som e o público e se a banda se comunica de maneira direta muitas vezes “dá um quebrada no encanto”.

Sweet Fanny Adams (PE) fez o melhor show do Festival Mundo. Vou dar um “Control C + Control V” na resenha do show do Boom Bahia que vai servir para o Festival Mundo também. Não tem muito para acrescentar ao que vocês já leram por aqui em outras coberturas sobre a banda. O grupo tem força, boas músicas, bons timbres e está azeitado por uma séria de apresentações Brasil afora. Show muito bom.

O Burro Morto (PB) era a atração que mais estava curioso para ver na  programação do festival e não decepcionei. O grupo parece ter saído de um interior remoto no meio do período hippie para fazer um som instrumental que se forma com grooves de bateria e percussão meio africanos deixando as frases, temas e climas para a guitarra, o teclado e a escaleta. Viajei mesmo sem as drogas. Excelente show para uma casa já bastante cheia. O mais legal de tudo é saber que  Festival Mundo teve quatro bandas instrumentais na sua programação e que as quatro tiveram propostas totalmente diferentes ente si e todas funcionaram muito bem. Foi o charme do evento na minha opinão.

Mundo deu um passo a frente, se adequou, abriu novos leques de possibilidades, cresceu em público e a tendência é uma solidificação bem vinda para a cena paraibana (que também vai receber na cidade o Aumenta que é Rock daqui a 15 dias). Parabéns a todos os envolvidos.

http://www.dosol.com.br/2008/10/20/como-foi-festival-mundo-joao-pessoa-pb-segundo-dia/

Portal DoSol

out18

Por Foca

Festival Mundo chega na sua 4ª edição fazendo uma visível alteração estética: trocou o grande palco/espaço da edição do ano passado por um lugar menor e investiu pesado em conteúdo. Uma escolha acertada. Cerca de 300 pessoas circularam ontem no primeiro dia de shows e para hoje a tendência é no mínimo dobrar segundo os organizadores.

Algumas ressalvas ficam como alerta (que dá para ser resolvido até hoje mesmo com algum esforço). A sonorização foi um problema em quase todos os shows. Frequências emboloadas, P.A mal afinado e um equipamento mal cuidado exigem muito mais das bandas na hora de acertar o som. Por isso, quem passou os instrumentos a tarde levou vantagem. Fica o alerta para hoje. Outra coisa ruim é que a produção permite que as pessoas entram e saiam do festival (prática pouco comum em outras praças), deixando alguns shows com público maior e outros nem tanto. Se é costume da cidade, que possamos tentar mudar esse costume. É para isso que festivais de música independente servem também.

A escalação dos shows e a pontualidade monstraram a competência da equipe em estruturar as apresentações. Às 21h em ponto o Outona (PB) começou o seu show com um emo moderno tocado por uma turma bem nova (o guitarrista parecia ter 15 anos). Boa pegada com bons músicos mas tenho certeza que a próxima banda de cada um deles vai ser bem mais interessante que essa. É um processo natural.

Camarones Orquestra Guitarrística (RN) veio de Natal se apresentar pela primeira vez em festival fora do seu estado de origem e fez um bom show. O som não ajudou no começo, mas do meio pro fim a turma engrenou e mostrou vigor nas interpretações. O número de bons grupos que “limam” o vocalista está só aumentando Brasil afora. Despretensão a serviço da música instrumental, um bom rumo a seguir.

Calistoga (RN) também sofreu um pouco para acertar o som e levou seu rock forte, sempre resvalando no hardcore, para o bom público que já assistia as apresentações. O grupo é coeso, tem boas músicas e pode alçar vôos maiores em breve. Dante ontem estava com a voz ruim, mas segurou as notas altas com muito esforço até o final.

O Star61 (PB), banda muito popular aqui na Paraíba, mostrou a força das suas músicas na hora em que o som estava no seu pior momento - fato que quase bota a perder a apresentação do grupo. Flaviano é um dos front mans mais legais do Brasil com seu jeito “gay maldito” de comandar as apresentações.  Quando solta o violão então, aí vira bicho e é difícil segurar. Foi uma festa! No final tocou uma dos Secos e Molhados e ainda chamou Márvio do Cabaret para fazer uma capela de uma música dos anos 80 ícone da cena gay (me ajudem no nome e no autor dessa música nos comentários).

Cabaret (RJ) veio com tudo para estas apresentações no Nordeste. Já no começo da sexta o jornalista pernambucano Bruno Nogueira tinha comentado comigo que a banda capitaneada pelo excelente vocalista Márvio dos Anjostinha “moído” em Recife. O que o Cabaret faz no seu som e tudo ponte para que seu vocalista brilhe, e os outros membros parecem não se incomodar com isso, o que é ótimo! As músicas são todas clichês de bons rocks daqueles “grandões” dos anos 70. Riffões, bateria reta e precisa, tudo para deixar o vocalista comandar o show. Beijos na platéia, danças, estripulias com Flaviano do Star61 e tudo isso cantado e muito bem - o que é o mais importante. Marvio é artista, mesmo que alguns achem que isso é um posicionamenteo falido ou fadado ao fracasso. Ele não se importa e no palco curte o momento. Muito bom de ver e ouvir!

Já com a sonorização  bem ajustada vinda da apresentação anterior (e não por acaso foram os únicos grupos a passarem o som) o Macaco Bong (MT) mostrou porque hoje é um dos grupos mais importantes da música indie nacional. O grupo faz uma espécie de mantra nervoso para levar o ouvinte onde ele nunca foi e o mais impressionante é que conseguem. O baterista dos Camarones, pouco acostumado a assistir grupos desse tipo, parecia hipinotizado na frente do palco. Uma cena surreal. Retundante dizer que foi magnífico, que os timbres estavam ótimos, que a precisão do trio é sensacional. Ontem eles pareciam estar num dia especial.

Foi um ótimo encerramento de noite premiando o esforço da produção do festival. Hoje tem muito mais!

Fotos: Ana Morena Tavares e Anderson Foca

http://www.dosol.com.br/2008/10/18/como-foi-primeiro-dia-do-festival-mundo-joao-pessoapb/

Jornal da Paraiba, 18 de outubro de 2008

Paraíba é maioria na 2ª noite do festival

Por: ANDRÉ CANANÉA


Cinco das sete atrações da segunda e última noite do 'Festival Mundo', que acontece no Galpão 14, no Centro Histórico da capital, são crias da cena musical paraibana. No encerramento do festival, que reúne nomes independentes de várias partes do país, o Cabruêra fecha a noite. Antes, tocam a elogiada Burro Morto e os pernambucanos Sweet Fanny Adams, que evocam toda a sonoridade do rock inglês.
Os shows começam às 19 horas, com Cerva Grátis, seguida por Elmo e Nublado, as três, paraibanas. Garfo, do Ceará, está no meio da programação. Mais cedo, às 14 horas, na InToca (em frente ao Galpão 14), o festival promove debates com músicos, produtores e jornalistas sobre o mercado independente nacional.
Entre um show e outro, serão exibidos vídeos e documentários sobre a cena rocker da cidade. Os ingressos custam, na bilheteria, R$ 8 (R$ 6 antecipado).
Calistoga, uma atração no Festival Mundo!PDFImprimirE-mail
Escrito por Arthur Dossa   
16-Out-2008
calistonga.jpgCalistoga é uma banda potiguar nascida no final de 2004 naquela clássica história do rock: quatro caras que já tocavam em outras bandas da cena local resolvem se juntar para tirar um som e a partir daí não pararam mais. Em 2005 gravaram seu primeiro EP, com um som calcado no grunge e no hardcore, ampliando essa proposta em 2006 com o segundo trabalho, o EP ”Silence is too loud”.

O terceiro EP, intitulado “New way to say”, de 2007, já apresenta uma sonoridade bem diferentes dos antecessores, a banda passeia por um indie rock no melhor estilo At the drive in. E este ano a banda vem divulgando seu novo cd, o recém lançado “Normal People’s Brigade”.

E aí, galera... uma coisa que eu sempre quis saber é como funciona a questão dos projetos paralelos. O Dante, além do Calistoga, toca também no Sinks e na Camarones Orquestra Guitarrística, o Henrique também toca na Camarones. Até onde o esses outros projetos ajudam e atrapalham a banda?

Dante
: Pra mim eles só ajudam porque nos forçam a pensar e agir musicalmente com diferentes pessoas e necessidades musicais, nos forçam a estar sempre praticando pq quando não tem ensaio de uma tem de outra, quando não tem show de uma tem de outra. Nos força a compor em diferentes estilos e adquirir diferentes linguagens. Atrapalharia na questão da popularidade das bandas, alguma pessoas podem não gostar de poucas pessoas em varias bandas, e de ver shows de bandas totalmente diferentes em que só alguns integrantes mudam. Mas pra mim isso é o de menos.
Pra mim se trata da música e não das pessoas e se eu achar que ter várias bandas promove meu crescimento musical, vou continuar tendo várias!!

Henrique
: Acho que os projetos paralelos sempre somam no final, o fato de estar tocando outro som com outras pessoas acrescenta bastante na experiência como músico, e também abre mais a cabeça. Em relação a atrapalhar, acho que não atrapalha, já que somos todos amigos, e tentamos sempre manter todos atualizados da agenda de cada banda pra não ter problema!


O Calistoga é um banda ligada ao Dosol. Como funciona essa parceria?

Dante: Lá vai a minha: o Dosol é uma força do rock potiguar, eles dispõem de estrutura, pessoal interessado e disposição quando se trata de agitar a cena potiguar. Esse perfil combina totalmente conosco da banda Calistoga. É muito mais fácil se unir com as pessoas que tem o mesmo objetivo que voce do que fazer tudo sozinho. Por isso pode-se dizer que o Calistoga faz parte do Dosol...

Henrique
: Somos ligados ao Dosol sim. Fora o fato de eu e Dante trabalharmos no Dosol, eu como técnico de som do Dosolrockbar e Dante como técnico de gravação do estúdio Dosol, a banda tem um certo vínculo com eles, os nossos últimos dois trabalhos foram lançados também pela Dosol, no site tem como baixar de graça... Na verdade acho que em Natal praticamente todas as bandas de rock tem ligação ao Dosol, já que eles tem o bar onde as bandas tocam, o estúdio onda as bandas podem gravar e o festival, que é uma forma de divulgar as bandas da cidade para fora! Aqui o lance é todos se ajudando para a coisa andar, a banda que faz isso com certeza vai ser ligada a essas pessoas.


Do primeiro EP de vocês para o "Normal People's Brigade" a sonoridade da banda mudou bastante, o que aconteceu de lá pra cá? O que vocês tem escutado ultimamente?

Dante
: Temos escutado quase o mesmo, pós-hardcore da escola Fugazi e At The Drive-in e rock alternativo dos anos 90. A diferença acho que foi em nós mesmos: acreditamos que houve uma evolução enquanto compositores e arranjadores, acreditamos também que houve uma evolução na maneira como tratamos e aproveitamos nosso equipamento, conseguindo atingir sonoridades mais próximas do que nós sempre buscamos. O fato de termos gravado sozinhos dentro de estúdio também influenciou nessa sonoridade e acrescentou muito em nossas experiências

Henrique
: É verdade... acho que isso tudo é uma evolução, tanto de maturidade musical como até de equipamentos que agora temos e podemos utilizar. O que mudou foi basicamente isso. Agora estamos bem mais decididos no som que queremos fazer, não mudou muita coisa em questão de influências, eu pelo menos não largo certas bandas por nada, mas é lógico que sempre aparecem coisas boas e que acrescentam pra gente. Hoje em dia escuto bandas como Fugazi, The Mars Volta, QOTSA, Mr. Bungle, Battles, Kyuus, Embrace, NOFX, ah sei lá.. bastante banda brasileira, a gente nao precisa ir para fora do Brasil pra ver bandas ótimas e nem sequer ir para fora do Nordeste. É só ficar de olho!!


Todo o trabalho de promoção da banda é feito exclusivamente por vocês? Como dividem esse tipo de trabalho entre os integrantes?

Henrique: É sim! Basicamente todo trabalho de promoção é feito pelo nosso baixista, Gustavo. Ele é quem faz as nossas artes, é ele quem cuida do nosso Myspace, fotolog e afins. Ele trabalha como diretor de arte, então saca muito disso, e como eu particularmente sou pedreiro nesse aspecto, fica mais na mão dele essas coisas. E tamo bem satisfeitos com o resultado!

Dante: Esse trabalho fica quase que exclusivamente voltado para o Gustavo, que é nosso baixista. Além de baixista, ele é designer gráfico e publicitário. Temos muita sorte de ter um cara assim na banda, porque essa da divulgação é uma perna essencial nos dias de internet e ele dá conta muito bem dessa parte, além de conceber visualmente tudo o que a banda precisa nessa área, além disso tem o site Dosol que está sempre nos apoiando e divulgando coisas sobre nós, além da Xubba, do Lado R e da Irregular Discos de São Paulo, que são todos os selos envolvidos nesse lançamento. Eles estão sempre nos divulgando por aí afora também.


Entrevista publicada originalmente no blog Lumo Coletivo:  http://lumocoletivo.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Jornal da Paraiba, 17 de outubro de 2008

Festival Mundo: show do Cabaret tem glam rock e Augusto dos Anjos

Por: ANDRÉ CANANÉA


Os fãs do glam rock irão lotar o Galpão 14 (Centro Histórico de João Pessoa) nesta sexta-feira, quando duas das bandas mais incensadas do país sobem ao palco, na primeira das duas noites do Festival Mundo. Uma é uma velha conhecida nossa: o Star 61, nascido e criado na Paraíba. A outra é a carioca Cabaret, banda que, por duas vezes, levou o público do Mada ao delírio e deve responder por um dos melhores momentos desta noite.
"Vai ser a boa e velha afetação", garante Márvio dos Anjos, vocalista do Cabaret, por telefone. As apresentações do grupo costumam ter bastante energia e um clima glam-teatral, acrescentada por um figurino bastante caprichado. "É aquela coisa da decadência, do amor exagerado", acrescenta o vocalista, que é sobrinho-bisneto de Augusto dos Anjos.
"Meu bisavô se chamava Alfredo, irmão do Augusto dos Anjos", conta Márvio, adiantando que irá recitar poemas do tio-bisavô no show desta noite. "Sempre li Augusto dos Anjos, desde pequeno. Não é uma coisa gratuita não", justifica, sem entregar que poema irá declamar. 
"Para mim, é um tributo obrigatório à memória de Augusto dos Anjos poder declamar um poema dele na Paraíba. Pena que desta vez não vai dar tempo de conhecer o Memorial Augusto dos Anjos em Sapé", comenta o vocalista, que vem pela primeira vez à Paraíba.
Se a seqüência divulgada pelo festival estiver correta, o Cabaret será a penúltima banda da noite, antecedendo o imperdível show do Macaco Bong, outra banda que não pára de arrancar elogios de público e crítica. As apresentações começam às 20h com Outona (PB). Em seguida vem Camaronês Orquestra Guitarrística (RN), Calistoga (RN) e Star 61 (PB), para daí ter as duas estrelas da noite. Detalhes no www.festivalmundo.com.br.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Jornal da Paraiba, 16 de Outubro de 2008



O Mundo é dos Independentes

Por: ANDRÉ CANANÉA


DA ESQUERDA PARA DIREITA: - Cabruêra, Macaco Bong, Sweet Funny Adams e Star 61: bandas da Paraíba e de fora fazem a programação do festival que vai receber jornalistas e blogueiros especializados de várias cidades do
O Galpão 14, no Centro Histórico de João Pessoa, está de cara nova para receber um mundo de roqueiros, músicos, videastas, artistas plásticos, formadores de opinião e jovens em busca de agito em meio ao circuito alternativo de música pop. Nesta sexta e sábado, o lugar vai sediar a terceira edição do 'Festival Mundo', que promete trazer para a Paraíba nomes badalados por quem acompanha a cena indie nacional através de blogs, Youtube e MySpace. Afinal, trata-se de um circuito extremamente querido, mas que não tem espaço nas mídias de massa e sobrevivem, basicamente, da internet.
Os shows começam às 20h, na sexta, e às 19h no sábado. Sete bandas da Paraíba e seis bandas bem prestigiadas de outros Estados (ver box ao lado) fazem a festa do público e da crítica. Jornalistas e blogueiros especializados estão vindo de várias partes do Nordeste para conhecer o festival. "Selecionamos as bandas que achamos mais relevantes na cidade, as que têm um trabalho mais consistente, além de duas novatas que irão abrir o festival", conta uma das promotoras do festival, Carolina Morena, a respeito da participação das bandas locais no evento.
Mas nem só de música vive o festival. O 'Mundo' abre espaço para o debate sobre mercado de música independente do Brasil. São dois debates que irão acontecer na InToca (em frente ao Galpão 14) no sábado, a partir das 14h. 'Profissionalização de Bandas do Mercado Independente' e 'Rock: Contracultura e Produto de Mercado' são os temas que serão debatidos por músicos, jornalistas e produtores daqui e de fora. "São debates importantes para as bandas da cidade", conta Morena. "Queremos instigar a troca de experiência entre as bandas. O pessoal do Macaco Bong, por exemplo, tem experiências, dicas e toques maravilhosos pra compartilhar".
Além disso, a programação contempla oficinas, vídeos e artes plásticas, com uma coletiva que reúne a produção jovem contemporânea da cidade, sob curadoria do músico, jornalista e artista plástico Fábbio Queiroz. O vernissage já acontece hoje, às 16h, no casarão IAB, em frente ao Hotel Globo. Os vídeos (ver box) serão exibidos no Galpão, no intervalo entre as bandas. "Vai ser bem interessante", garante Carolina. "Serão exibidos clipes produzidos aqui na Paraíba, além de documentários que registraram o circuito rocker da cidade desde os anos 90" 

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Jornal A União - 07 de outubro de 2008

Mundo RockImprimirE-mail
07 de outubro de 2008
O Dia do Rock é comemorado mundialmente em 13 de julho desde 1985. Em João Pessoa, o rock ganhou uma data específica desde 2007. Desde o ano passado o dia 10 de outubro foi instituído no calendário da cidade como Dia Municipal do Rock. O projeto de lei é de autoria do vereador Flávio Eduardo Fuba.

Este ano as comemorações municipais se estendem durante todo o mês de outubro, com a realização de dois importantes festivais de rock: Festival Mundo e o Aumenta que é Rock. O primeiro já está com sua programação toda definida e abre o mês do rock na cidade das Acácias.

"Acho legal a iniciativa, é bom termos uma data especial para o rock em João Pessoa. É uma oportunidade para todos celebrarem esse gênero musical que revolucionou o mundo", diz Rayan Lins, um dos produtores do Festival Mundo, que acontece no Galpão 14, entre 14 e 19 de outubro.

O Festival Mundo surgiu em 2005. Além da mostra musical, uma de suas características principais é somar à música outras formas de expressões artísticas, carregando no próprio nome conotações que remetem à diversidade cultural e integração.

Ano após ano, o festival firmou-se como principal vitrine da produção independente da Capital paraibana, e hoje, quatro anos depois, anuncia programação para a edição de 2008.

Será uma semana repleta de opções. São oficinas, debates, exposição de artes coletivas, mostra audiovisual e shows, atraindo a atenção de jornalistas, músicos, artistas plásticos, videastas e público interessado para a cidade e sua produção.

Toda essa programação (ver box com a programação detalhada), porém, para ser definida, teve que enfrentar muitos desafios que não podem ser ultrapassados apenas com a instituição de uma data municipal do rock, como declara o produtor Rayan Lins.

"Acho que uma data municipal do rock é muito pouco perto do que se tem pra fazer pelo rock na cidade. Os editais de incentivo à cultura precisam ser reformulados urgente. De maneira que possam contemplar de forma mais abrangente a cultura do município e do estado", observa.

E continua. "Temos uma diversidade cultural fantástica aqui, mas que não tem voz nesses editais. E o rock apesar de sempre levantar a bandeira do independente e do faça você mesmo não tem porque ficar de fora disto. É um dinheiro público que poderia estar sendo mais bem empregado", conclui.

Em duas noites de shows, vão passar por João Pessoa, 13 bandas de sete estados diferentes: Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Essa diversidade regional e de atividades diferentes revela como o Festival tem gás para crescer ainda mais. Porém, antes de um crescimento sem planejamento, para Lins, é necessário sensibilizar a iniciativa privada a investir em iniciativas como essa.

"O Festival Mundo sempre buscou um perfil mais multimídia, de forma que integrasse outras formas de arte e colocasse em pauta discussões que possam melhorar o cenário independente local. Estamos crescendo, mas as dificuldades continuam as mesmas e a principal delas é sempre apoio, patrocínio!", observa o produtor.

Lins enfatiza essa conclusão afirmando que o fato de João Pessoa não possuir sedes de grandes empresas acaba dificultando uma "apresentação de maneira decente do projeto. As empresas locais ou desacreditam totalmente em investimentos de marketing cultural ou investem apenas no que é de gosto da grande massa", conclui.

Segundo o produtor, para entender melhor como isso funciona, o Festival Mundo estará se associando à Abrafin - Associação Brasileira de Festivais Independentes - da qual fazem parte os festivais mais importantes do País.

Calina Bispo

repórter



http://www.auniao.pb.gov.br/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=18678&Itemid=35